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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Deu no G1: Há seis anos cachorro segue coveiro, diariamente, até cemitério em Natal


Cachorro não dá expediente, mas alguns gostam de acompanhar o dono até na hora do trabalho. Belo é um deles. O animal de estimação do coveiro Luiz da Silva acorda cedo para segui-lo até o Cemitério de Nova Descoberta, em Natal. Há seis anos que é assim. Em um cenário onde impera a tristeza e a saudade, a dupla chama atenção pela cumplicidade e alegria.

A rotina de Belo começa às 5h. O ronco da moto de Luiz é o despertador do bicho. A partir disso, começa a corrida até o destino: o cemitério. Belo dispensa coleira, com liberdade ele escolhe, todos os dias, o mesmo caminho. A afinidade entre os dois começou há seis anos, quando Luiz encontrou o vira-lata com a pata quebrada, abandonado dentro do cemitério.

“Eu cuidei dele e depois ele começou a me seguir. Foi um presente. Em 2006 eu perdi minha mãe e meu irmão. Estava me sentindo muito triste e solitário. À noite eu chorava. Foi ele quem me ajudou a superar. Belo trouxe esperança e amizade pra minha vida”, admitiu o coveiro.
Os colegas de trabalho de Luiz adoram o funcionário, digamos, inusitado. “Todo dia ele vem trabalhar com Luiz. Todo mundo tem amizade com ele. É um parceiro”, contou Severino Silva, zelador. Além de dócil e carinhoso, Belo também tem fama de obediente. Ao meio-dia, hora do almoço de Luiz, ao ouvir a ordem, o cão fica parado. A missão dele é cuidar das ferramentas do dono. “Ele cuida do material de Luiz e do nosso. Quando a gente volta do almoço tá tudo no mesmo lugar. E com ele pastorando", disse Marcelo Amaral, zelador.

A única vez que eles se separaram foi quando Luiz quebrou a perna e ficou hospitalizado. Para a surpresa de todos, Belo também ficou doente. Preocupados, os vizinhos levaram o cão para o mesmo hospital. O remédio para a cura foi apenas ficar perto do dono. “Quando eu vi ele, e ele me viu... hoje estamos aqui para contar a história”, relembrou.

A relação é de cumplicidade. Uma amizade sincera e surpreende. O homem que salvou a vida do pequeno cachorro indefeso; e do cão que trouxe de volta a alegria ao homem. “Considero ele um filho. Ele é tudo na minha vida”, concluiu Luiz.

Fonte: globo.com